quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Oração sem nome


“Meu Deus escuta; jamais falei contigo,
Hoje quero saudar-Te. Bom-dia! Como vais?
Disseram-me que não existes.
E eu, tolo, acreditei.


Nunca havia admirado a tua obra.
Ontem à noite, da trincheira destroçada por granadas,
Vi o teu céu estrelado
E compreendi então que me enganaram.


Não sei se me apertarás a mão.
Vou te explicar e hás de compreender.
É curioso: Neste hediondo inferno
Achei a luz para enxergar teu rosto.


Dito isto, já não tenho muita coisa a contar:
Só que... tenho muito prazer em conhecer-te.
À meia-noite, iremos ao ataque.
Não sinto medo, meu Deus, sei que tu velas...


Ah! Eis o clarim! Bom Deus devo ir-me embora,
Gostei de ti, vou ter saudades... Quero dizer!
Será cruenta a luta, bem o sabes,
E esta noite pode ser que eu vá bater à tua porta!


Muito amigos não fomos, é verdade.
Mas... sim, estou chorando!
Como vês, Deus, penso que já não sou tão mal.
Bem, tenho de ir. É coisa rara a sorte.
Juro, porém: já não receio a morte...”



Ninguém conhece o autor deste poema.Foi encontrado em pleno campo de batalha no corpo de um soldado. Do rapaz estraçalhado por uma granada restava apenas intacta, esta folha de papel...

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